Passo a explicar. Para tal, servir-me-ei das palavras de Fernando Savater, filósofo e grande pedagogo espanhol, no seu livro "O Valor de Educar" [pp.52-54]. São elas que melhor dirão dos objectivos & intenções deste blogue. Ei-las:
«Em linhas gerais, a educação, orientada para a formação da alma e para a transmissão do respeito pelos valores morais e patrióticos foi sempre considerada de um nível superior ao da instrução, destinada a dar a conhecer competências técnicas ou teorias científicas. (...)
Em contraposição, educação versus instrução, parece hoje notavelmente obsoleta e bastante enganadora. (...). Sucede ainda que separar a educação da instrução se mostra não só indesejável, mas igualmente impossível, uma vez que não se pode instruir sem educar e vice-versa. Como poderemos transmitir valores morais ou de cidadania sem recorrermos a informações históricas, sem termos em conta as leis em vigor e o sistema de governo estabelecido, sem falarmos de outras culturas e países, sem reflectirmos, por elementarmente que seja, sobre a psicologia e a fisiologia humanas ou em empregarmos algumas noções de informação filosófica? E como poderemos instruir alguém em matéria de conhecimentos científicos, se não lhe inculcarmos o respeito por valores tão humanos como a verdade, a exactidão ou a curiosidade?». Ah e também de Pitágoras «eduquemos as crianças e não será necessário castigar os homens»

Coragem... pequeno soldado do imenso exército. Os teus livros são as tuas armas, a tua classe é a tua esquadra, o campo de batalha é a terra inteira, e a vitória é a civilização humana" (Amicis, Edmondo in Cuore)

terça-feira, 29 de março de 2016

inPRENSA: prémio e pré-escolar

O matemático Andrew Wiles recebeu na semana passada o prémio Abel por ter conseguido resolver um dos problemas matemáticos mais difíceis de sempre. Para continuar a ler clicar AQUI.


O ensino pré-escolar influencia os resultados a longo prazo dos alunos de forma positiva. Segundo conclusões do projeto Aqeduto, as crianças que o frequentam mais tempo têm melhores resultados. para continuar a ler clicar AQUI.

segunda-feira, 28 de março de 2016

ENSINO: Para que serve reprovar?

Para que serve, então, reprovar? Regra geral, serve para quase nada. Ou, de outra forma: em vez de servir para resolver um problema, serve para o multiplicar (por vezes, de forma exponencial). E serve, ainda, para não se perguntar onde terão estado todos os agentes educativos - pais e professores, em parceria - nos 9 ou 10 meses anteriores à própria reprovação.

Por isso mesmo, e tentando ser com isso interpelante, tenho repetido que sempre que um aluno reprova a sua escola deveria "fechar" para balanço.

Isto é: todos aqueles que o levaram pela mão nesse período deviam perguntar-se, até à exaustão, o que poderá ter falhado com ele e, sobretudo, de que forma os pequenos e os grandes erros que poderão ter existido serão reparáveis?   



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sábado, 26 de março de 2016

ENSINO, EDUCAÇÃO & FORMAÇÃO: a indisciplina na escola

Alguns dos docentes contactados optaram por não falar, evitando assim qualquer risco de exposição. Mas o fenómeno nunca é negado. E quem dá aulas, todos os dias, tem consciência de quais são os problemas mais comuns nas escolas. Para continuar a ler, clicar AQUI.
Mas foi o deputado Miguel Tiago que colocou os pontos nos "i's", isto é, referiu aqueles aspectos que verdadeiramente ajudarão a minimizar e muito, a indisciplina. Até ao momento não vira, eu, ninguém a referir-se desta maneira, mas tão só e sempre, aquilo que não resolve, nem nunca resolveu, esta questão e ainda por cima em "letras gordas", «menos alunos por turma para reduzir a insdisciplina». Sei do que falo&escrevo - o meu contributo escrito para o projecto educativo da minha escola fala por mim. Está tudo lá «preto no branco».













Fonte: http://www.dn.pt/portugal/interior/menos-alunos-por-turma-a-primeira-arma-contra-a-indisciplina-5077306.html

quarta-feira, 23 de março de 2016

LIVRO&LEITURA: O que vai na cabeça do meu filho? Dez regras para entendê-lo

Por que é que esta criança não me obedece? Donde veio esta resposta torta? Quem é esta pessoa que apareceu no corpo do meu filho? As perguntas estão na cabeça dos pais. As respostas passam pelo livro “O que se Passa na Cabeça do Meu Filho?”. Para continuar a ler, clicar AQUI.

terça-feira, 22 de março de 2016

(in)PRENSA semanal: “A matemática é um jogo do qual se têm de aprender as regras”

“Se eu conseguir convencer alguém a não dizer que a matemática é um desperdício de tempo, já estarei a fazer alguma coisa para o futuro”, confessa o matemático Luca Gerardo Giorda. Para continuar a ler, clicar AQUI.



sábado, 19 de março de 2016

inPRENSA: Matemáticos descobrem padrões inesperados nos números primos

Os números primos foram sempre uma das grandes vedetas da matemática. Mas os matemáticos foram agora surpreendidos ao descobrirem que os números primos parecem ter padrões que nunca tinham sido detectados. Para continuar a ler clicar AQUI.

quinta-feira, 17 de março de 2016

EDUCAÇÃO&FORMAÇÃO: Há uma infância ateia, mas Deus bate sempre à porta

Perguntei-me como cresce uma criança educada sem qualquer ensinamento religioso. Não é batizada, não vai à catequese, não vai à missa, não recebe a comunhão, não é crismada. Na prática não sabe sequer fazer-se o sinal da cruz e como hoje ignora o Menino Jesus, amanhã nada saberá de João Batista, das bodas de Caná, da samaritana, do cego de nascença, da pesca milagrosa, do filho pródigo. Depois de amanhã, consequentemente, quando fizer os estudos superiores, não se encontrará em sintonia com o Cântico das Criaturas de Francisco, com Dante e, se se cruzar com eles, com Agostinho, Tomás, Pascal, etc. Mais: educado a viver da razão e a julgar com base na própria lógica, não quererá ser "marcado" por nenhum santo e por nenhum dos autores cristãos. Conhecê-los-á, se os conhecer, permanecendo afastado e chamará a essa atitude "ser objetivo".Para continuar a ler clicar AQUI.

sexta-feira, 11 de março de 2016

REFLEXÃO/MEDITAÇÃO/ATENÇÃO: Os filhos

A educação é, sim, importante, como o é a família. Todavia, o destino de um filho nunca será o fruto puro e simples do contexto em que viveu, nem tampouco a objetivação dos sonhos e das expetativas dos pais. Para continuar a ler, clicar AQUI.

sexta-feira, 4 de março de 2016

EDUCAÇÃO&FORMAÇÃO: Impreparação da geração mais preparada

Assim escreve Eliane Brum:



Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
or que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.”