Passo a explicar. Para tal, servir-me-ei das palavras de Fernando Savater, filósofo e grande pedagogo espanhol, no seu livro "O Valor de Educar" [pp.52-54]. São elas que melhor dirão dos objectivos & intenções deste blogue. Ei-las:
«Em linhas gerais, a educação, orientada para a formação da alma e para a transmissão do respeito pelos valores morais e patrióticos foi sempre considerada de um nível superior ao da instrução, destinada a dar a conhecer competências técnicas ou teorias científicas. (...)
Em contraposição, educação versus instrução, parece hoje notavelmente obsoleta e bastante enganadora. (...). Sucede ainda que separar a educação da instrução se mostra não só indesejável, mas igualmente impossível, uma vez que não se pode instruir sem educar e vice-versa. Como poderemos transmitir valores morais ou de cidadania sem recorrermos a informações históricas, sem termos em conta as leis em vigor e o sistema de governo estabelecido, sem falarmos de outras culturas e países, sem reflectirmos, por elementarmente que seja, sobre a psicologia e a fisiologia humanas ou em empregarmos algumas noções de informação filosófica? E como poderemos instruir alguém em matéria de conhecimentos científicos, se não lhe inculcarmos o respeito por valores tão humanos como a verdade, a exactidão ou a curiosidade?». Ah e também de Pitágoras «eduquemos as crianças e não será necessário castigar os homens»

Coragem... pequeno soldado do imenso exército. Os teus livros são as tuas armas, a tua classe é a tua esquadra, o campo de batalha é a terra inteira, e a vitória é a civilização humana" (Amicis, Edmondo in Cuore)

domingo, 25 de março de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

CURIOSIDADES: Matemáticos precoces

Observe-se o desenvolvimento mental precoce de alguns dos grandes matemáticos.
Blaise Pascal, aos 16 anos de idade, escreveu um tratado sobre as cônicas, considerado como um dos fundamentos da geometria moderna. Pascal contribuiu decisivamente para a criação de dois novos ramos da matemática: a Geometria Projetiva e a Teoria das Probabilidades.
Évariste Galois, aos 15 anos, discutia e comentava as obras de Legendre e Lagrange, o que culminou, posteriormente, na percepção da impossibilidade de encontrar um expressão para raízes de equações algébricas com grau maior que 4.
Alexis Clairaut, aos 10 anos, lia e compreendia as obras do Marquês de L'Hôpital sobre cálculo. E acabou sendo o precursor da Geometria Diferencial.
Joseph Bertrand, aos 11 anos, iniciava o curso na escola Politécnica, e aos 17 recebia o grau de doutor. Aos 23 anos, lançou a conjectura que sempre existe ao menos 1 número primo entre n e 2n-2 para todo n maior do que 3.
Nicolas Henri Abel, aos 16 anos de idade, fazia investigações sobre o problema de resolução da equação do quinto grau, o que desencadeou, posteriormente, na primeira prova completa da inexistência de uma fórmula algébrica para essas raízes. Morreu aos 26 anos de tuberculose.
Johann Carl Friedrich Gauss, aos 7 anos de idade, somou os números inteiros de 1 a 100 rapidamente usando o raciocínio que demonstra, até hoje, a fórmula da soma de uma progressão aritmética.

terça-feira, 13 de março de 2012

Educação para...

... totós
Escrito por Eduardo Sá Sexta, 20 Janeiro 2012

Muitos pais enfeitiçam as crianças, tornando-as sapos, quando as transformam no seu precioso espelho mágico, ficando totós uns para os outros.
1. Nas histórias para as crianças há, regra geral, uma princesa adormecida (de preferência formosa) e um cavaleiro apaixonado que se propõe despertá-la, com um fogoso beijo nos lábios. É verdade que poucos pais consideram que esta tendência obstinada de um transeunte, cheio de amor-próprio, para incomodar (com beijoquices) o eterno descanso da princesa seja um mau exemplo para as crianças. E é verdade, também, que se fosse um filho nosso a beijar (mesmo por distracção) um sapo com quem se tivesse cruzado, em vez de despontar – de tão fortuita fortuna - um príncipe teríamos lá em casa uma zaragata à italiana. Por outras palavras: não há quem entenda a forma imprudente como os adultos põem aos beijos as personagens das histórias para as crianças…
Mas – pior ainda – o que me preocupa é que nessas histórias há sempre uma pessoa que dorme e outra que a desperta. E isto já é publicidade enganosa. Porque – todos sabemos – duas pessoas acordam sempre que aquilo que as liga as desperta, uma à outra, ao mesmo tempo. Aliás, eu  acho que, com as crianças, se passa, sensivelmente, ao contrário do que sucede às princesas e aos sapos: elas estão despertíssimas mas, mais beijo menos beijo, há sempre alguém que não descansa enquanto não as adormece, por dentro, e as transforma em totós. (Se pensava que o lado enganador das histórias para as crianças passava pela forma como elas falam, por exemplo, de fadas – como se fosse possível encontrá-las numa qualquer repartição – ou pelo engenho com que põem uns pares de renas e o Pai Natal às voltas pelo ar, está muito enganado…).
2. Histórias à parte, são muitas as circunstâncias em que os pais acumulam muitos créditos com os quais tornam as suas crianças um bocadinho adormecidas. Ou, se preferirem, um tudo-nada… totós. Daí que, para acabarmos, de vez, com esta tentação de transformarmos crianças despertas em totós adormecidos devemos dizer que:
- as crianças estão autorizadas a sujar-se. As crianças que não se sujam não são uns anjos: ainda não descobriram que serão pessoas melhores sempre que forem pequenos índios com coração e com maneiras;
- as crianças devem brincar, também, na rua. Sempre que só sentem a cidade através dos vidros do carro dos pais deixam de ser crianças: ficam macambúzias;
- as crianças precisam de descobrir o tempo livre. Quando têm uma agenda e nunca mandam nos seus minutos – pelo menos quando brincam – não são crianças. São burocratas de mochila;
- as crianças têm o «direito constitucional» de andarem de cabeça no ar. Sempre que alguém as quiser certinhas e crescidas ficam rezingonas. E só quando forem pais, com um sentimento que viveram adormecidos, é que irão perceber que só aprende quem põe ao leme, para sempre, a vontade de rir;
- as crianças têm o dever de crescer com a ajuda de algumas trapalhices, porque só as crianças trapalhonas sabem que o brincar é a melhor escola de todos os imprevistos;
- as crianças estão autorizadas a cair. Nunca caindo não aprendem a cair;
- as crianças devem lutar, várias vezes por semana. Primeiro, com almofadas, com os irmãos. Depois, no chão da sala, com o pai. E, a seguir, com os amigos, fora de casa. Se nunca lutam podem, até, parecer exemplares. Mas não são crianças: tornam-se «xoninhas»;
- as crianças têm o direito a não ser falsamente elogiadas. Sempre que as elogiam, como se fossem tolas, viram sapos. Podem até ser belas. Mas tornam-se adormecidas.
3. Nas histórias para as crianças há, regra geral, uma princesa adormecida (de preferência formosa) e um cavaleiro apaixonado que se propõe despertá-la, com um fogoso beijo nos lábios. Mas, na verdade, quem estraga as histórias das princesas adormecidas não são nem os dragões nem as maçãs envenenadas. Nem o riso sarcástico das bruxas. Nem, muito menos, o lobo mau, o capitão Gancho ou a Maga Patalógica São mais os espelhos mágicos. E, pior, muitos pais enfeitiçam as crianças, tornando-as sapos, quando as transformam no seu precioso espelho mágico, ficando totós uns para os outros. E, mais beijo menos beijo, esquecem que, ao contrário das histórias, as pessoas só acordam sempre que despertam, umas para as outras, ao mesmo tempo

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/2343-educacao-para-totos

segunda-feira, 12 de março de 2012

quarta-feira, 7 de março de 2012

As crianças e a televisão

Cada criança em Portugal passa cerca de 23 horas por semana em frente à televisão. São cerca de três horas por dia, bem mais do que o tempo que passam com os pais ou com os irmãos.
Sendo assim, os verdadeiros encarregados de educação dos nossos filhos são os aparelhos de televisão. Enquanto vê televisão, cada miúdo é bombardeado, em média, por 25 mil anúncios por ano. Estas doses maciças de propaganda constituem autênticas lavagens de cérebro.
E as consequências estão aí bem à vista. Os miúdos vestem todos da mesma forma e brincam com os mesmos brinquedos. Os pais, pressionados, vêem-se na obrigação de satisfazer os desejos dos filhos, tenham ou não dinheiro para tal.
Por outro lado, os maus hábitos alimentares resultam do apelo publicitário permanente ao consumo de comidas pouco saudáveis. Os problemas de saúde são a consequência inevitável. A obesidade infantil afecta já hoje inúmeras crianças, sendo que destas, entre 50 a 80% serão adultos obesos.
Além do mais, muitos brinquedos e jogos apelam a atitudes violentas, com a consequente influência no comportamento hiperactivo e na indisciplina nas escolas.
Poderiam evitar-se todos estes males limitando, ou simplesmente proibindo, a publicidade dirigida a menores. Que é o que acontece, aliás, em toda a Europa civilizada
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FONTE: http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=34&did=53159