Passo a explicar. Para tal, servir-me-ei das palavras de Fernando Savater, filósofo e grande pedagogo espanhol, no seu livro "O Valor de Educar" [pp.52-54]. São elas que melhor dirão dos objectivos & intenções deste blogue. Ei-las:
«Em linhas gerais, a educação, orientada para a formação da alma e para a transmissão do respeito pelos valores morais e patrióticos foi sempre considerada de um nível superior ao da instrução, destinada a dar a conhecer competências técnicas ou teorias científicas. (...)
Em contraposição, educação versus instrução, parece hoje notavelmente obsoleta e bastante enganadora. (...). Sucede ainda que separar a educação da instrução se mostra não só indesejável, mas igualmente impossível, uma vez que não se pode instruir sem educar e vice-versa. Como poderemos transmitir valores morais ou de cidadania sem recorrermos a informações históricas, sem termos em conta as leis em vigor e o sistema de governo estabelecido, sem falarmos de outras culturas e países, sem reflectirmos, por elementarmente que seja, sobre a psicologia e a fisiologia humanas ou em empregarmos algumas noções de informação filosófica? E como poderemos instruir alguém em matéria de conhecimentos científicos, se não lhe inculcarmos o respeito por valores tão humanos como a verdade, a exactidão ou a curiosidade?». Ah e também de Pitágoras «eduquemos as crianças e não será necessário castigar os homens»

Coragem... pequeno soldado do imenso exército. Os teus livros são as tuas armas, a tua classe é a tua esquadra, o campo de batalha é a terra inteira, e a vitória é a civilização humana" (Amicis, Edmondo in Cuore)

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO: A fórmula da vida honesta

«Não procures granjear a amizade de alguém por meio da adulação, nem permitas que outros por meio dela granjeiem a tua. Não sejas ousado nem arrogante; submete-te e não te imponhas; conserva a serenidade e aceita de boa mente as advertências e com paciência as repreensões. Se alguém te repreender com razão, reconhece que é para teu bem; se o faz sem motivo, admite que é com boa intenção. Não temas as palavras ásperas, mas sim as brandas. Sê mais severo no discernimento do que nas palavras e mais nobre na vida do que na aparência. Afeiçoa-te à clemência e detesta a crueldade. Quanto à boa fama, não apregoes a tua nem invejes a alheia. Sobre rumores, crimes e suspeitas não sejas crédulo nem inclinado a pensar mal, mas opõe-te decididamente àqueles que com aparente simplicidade maquinam a difamação alheia.»
Mais em:
http://www.snpcultura.org/a_formula_da_vida_honesta_de_sao_martinho_dume.html

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ENSINO&FORMAÇÃO: Khan Academy, uma preciosa ajuda...

... por um destes canais ou caminhos:

- http://fundacao.telecom.pt/Home/KhanAcademy.aspx
ou
- http://fundacao.telecom.pt/Home/KhanAcademy/KhanAcademyApresentacao.aspx
ou
- http://www.spm.pt/khan/

Entretanto e a propósito:
A maior revolução dos nossos tempos
por ZEINAL BAVA in DN de 29/12/2013

Vivemos na era da informação, e qualquer consulta na internet, rápida ou mais demorada, sobre o tema "educação" devolve-nos um conjunto significativo de resultados: os indicadores da educação, as tendências na educação, as modas na educação, a educação país a país, a tecnologia e a educação. A educação e o futuro. Toda esta informação é prova material da importância de que a educação ganhou num mundo à procura de mais talento, de um novo roteiro, de um novo sentido. E, ainda assim, nenhuma informação, mais ou menos estruturada, substitui a experiência que cada pai e mãe têm, atualmente, ao educar os seus filhos. E é por isso que, neste editorial que escrevo no âmbito do convite do DN para ser director do jornal que hoje celebra 149 anos de vida, as primeiras palavras serão sobre a minha experiência como encarregado de educação e a minha perspectiva como cidadão que acredita no papel que todos nós temos a desempenhar na revolução mais importante dos nossos dias, que é precisamente como aprendemos e como ensinamos. A educação é o futuro e investir na educação é investir no futuro do País.
Será justo dizer que os jovens que nasceram nos anos 1990 nasceram com a internet e, sem dúvida, cresceram com a internet. São verdadeiros nativos digitais, como lhes chama Dan Tapscott. Os pais destes nativos digitais vêm a usar aparelhos e ferramentas, hardware e software, com a mesma facilidade e intuição de quem aprende a atar os sapatos ou a dar um pontapé numa bola. Do meu ponto de vista, para esta geração de jovens, a informação é uma certeza. Uma garantia. Um imperativo. A informação está em toda a parte, multiplica-se, transforma-se. A informação ficou próxima, mesmo a que está distante ou que era inacessível. E, sobretudo, a natureza da informação mudou. Porque é colaborativa, porque está em rede, porque nunca, em nenhum outro momento da história, tantos tiveram acesso a tantos dados. É suficiente para falarmos de uma verdadeira sociedade de conhecimento? De forma alguma. A informação - seja ela um manual escolar, um tratado da história, um videojogo ou um novo clip de música - é matéria-prima. A informação em bruto, aquela que todos os dias invade os timelines das redes sociais, é altamente distrativa. Essa distração pode simplesmente comprometer o seu potencial. Ou, se bem utilizada, transforma-se num potencial de desenvolvimento individual e coletivo como nunca assistimos na história da humanidade. É nesta frente que tenho as minhas maiores esperanças e em que acredito na tecnologia, nomeadamente nas redes de nova geração, que garantem acesso a elevadas velocidades, e o investimento que está a ser feito no aumento da capacidade de armazenamento e processamento para dar acesso a informação em tempo real pode dar um elevado contributo.
Esta geração de nativos digitais já chegou ao mundo empresarial. E, da mesma forma que estão a mudar regras nas escolas e nas universidades, vão mudar regras nas empresas. São uma geração intuitivamente colaborativa, bem preparada pelas nossas universidades e naturalmente apta a trabalhar em qualquer ponto do globo sem perder as suas raízes e ligações mais profundas. É um dos enormes contributos da tecnologia. Não há distância que intimide. Em Portugal, um país historicamente exposto a diversas geografias e culturas, esta emancipação tecnológica é reforçadamente um factor de competitividade que está a ser utilizada por milhares de jovens que estudam, viajam e trabalham pelo mundo. E porque se emancipam como cidadãos e como profissionais, ganham, além das competências adquiridas na educação dita formal, outro tipo de qualificações, nomeadamente ao nível das ditas soft skills, como falar em público, ter argumentos para discutir temáticas diferenciadas, saber negociar em contextos vários. Podem hoje ser qualificações "invisíveis", que a estatística ainda não consegue traduzir em gráficos, mas na longa linha do tempo estas mudanças terão um impacte decisivo na revolução social, económica e cultural de que precisamos para conquistar o nosso lugar no mundo do século XXI.
Um dos grandes pensadores contemporâneos, Alvin Toffler, antecipou que os iletrados do século XXI não serão os que não sabem ler ou escrever, mas sim aqueles que não sabem aprender, desaprender e voltar a aprender. Essa viragem começa na sala de aulas. A Portugal Telecom, através da Fundação PT, abraçou, este ano, um projeto que reúne todas as condições para ser um instrumento ativo na revolução da educação. A Khan Academy, que existe desde 2006, tem precisamente como premissa virar a sala de aula ao contrário e centrar o ensino em cada aluno, no seu ritmo de aprendizagem, na personalização do que aprende, na sua motivação e crescimento pessoal. Em Portugal, neste primeiro ano, centrámo-nos no ensino da matemática e traduzimos para português 400 vídeos concebidos para oferecer uma experiência de aprendizagem pessoal interativa. Está na hora de deixar bem claro que os alunos portugueses não têm medo da matemática e, apraz verificar, que, como mostram os estudos PISA, o desempenho dos nossos jovens tem vindo a progredir, sobretudo na matemática.
O que me leva a falar de uma vertente, muitas vezes secundarizada, neste tempo em que todos nos tornamos cidadãos digitais. A tecnologia é um novo idioma universal capaz de nos ligar de e para qualquer parte do globo. Mas a tecnologia não substitui a língua em que nos expressamos, aquela em que aprendemos as primeiras palavras, aquela que mais bem serve a defesa das nossas ideias e dos nossos projetos. A nossa. Como escreveu o Gonçalo M. Tavares, uma língua não é um objeto, não é uma caneta, uma faca - uma língua não é algo exterior ao corpo, não é algo que se possa pousar numa mesa. A língua portuguesa faz parte do meu organismo. E a nossa língua, o português, é hoje falada em cinco continentes por mais de 260 milhões de pessoas, o que faz dela um factor de competitividade que devemos potenciar e desenvolver. Em 2014, no Brasil, como também poderemos ler nestas páginas da edição de hoje do DN, decorrerá o Mundial de futebol mais português de sempre. O melhor jogador do mundo fala português. Na ciência, nas artes, no desporto e nas empresas temos portugueses a dar cartas. Dizem "obrigado" quando agradecem os prémios e distinções de que todos os meses chegam notícias e são embaixadores naturais do nosso país, da nossa língua e cultura no mundo. Em Portugal, no Brasil, em África, em Timor, em Macau e em muitos outros pontos do mundo temos expressão diária do talento que fala português e da capacidade de um povo em tomar o futuro nas suas mãos. A pujança de nove séculos de história não é mero discurso de saudosistas. Há motivos como nação para sermos confiantes. Recuperando uma frase de que gosto especialmente, é tempo de todos nós acreditarmos que a melhor maneira de antecipar - e de não temer - o futuro é inventá-lo.
 
NOTA: "negritos" e "sublinhados" da minha responsabilidade.