"Tudo vale a pena se a alma não é pequena" ( Trecho adaptado do poema "Mar Português" da Mensagem, de Fernando Pessoa)
De acordo com o Psicólogo Americano JAMES FLYNN, o "Efeito de Flynn",
identificado em 1982, consiste no "aumento constante do índice deacerto da média da população mundial nos testes do QI".
CHRISTOPHE CLAVÉ concluiu o seguinte: "o QI médio, que desde o final
da Segunda Guerra Mundial até aos anos de 1990, aumentou sempre, está
em queda há vinte anos, sobretudo nos países ditos desenvolvidos".
Vale a pena ler este artigo de CHRISTOPHE CLAVÉ, pois nele explícita
as verdadeiras causas da degradação do QI médio a partir de1990.
Preocupante, sem dúvida, a sua conclusão.
Prestemos a melhor atenção a esta sua profunda reflexão e façamos
também a nossa própria reflexão.
Autor: Christophe Clavé
O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o
pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos
...
É a inversão do efeito Flynn.
Parece que o nível de inteligência medido pelos testes diminuiu nos
países mais desenvolvidos.
Pode haver muitas causas para esse fenômeno.
Uma delas pode ser o empobrecimento da linguagem.
Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento
lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do
vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que
permitem elaborar e formular pensamentos complexos.
O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas
compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento
quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no
tempo.
A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas
e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e
variedade de expressão.
Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina" (agora obsoleta) não
significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também
promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma
mulher não existem fases intermediárias.
Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade
de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento.
Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e
privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em
palavras.
Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo
torna-se impossível.
Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.
A história está cheia de exemplos e muitos livros (Georges Orwell -
"1984"; Ray Bradbury - "Fahrenheit 451") contam como todos os regimes
totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o
significado das palavras.
Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há
pensamento sem palavras.
Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional?
Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro?
Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no
tempo, passado ou futuro, e sua duração relativa, sem uma linguagem
que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que
poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente
aconteceu?
Caros pais e professores: Façamos com que nossos filhos, nossos alunos
falem, leiam e escrevam. Ensinar e praticar o idioma em suas mais
diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for
complicado.
Porque nesse esforço existe liberdade.
Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a
linguagem de seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo
que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento
da mente humana.