Passo a explicar. Para tal, servir-me-ei das palavras de Fernando Savater, filósofo e grande pedagogo espanhol, no seu livro "O Valor de Educar" [pp.52-54]. São elas que melhor dirão dos objectivos & intenções deste blogue. Ei-las:
«Em linhas gerais, a educação, orientada para a formação da alma e para a transmissão do respeito pelos valores morais e patrióticos foi sempre considerada de um nível superior ao da instrução, destinada a dar a conhecer competências técnicas ou teorias científicas. (...)
Em contraposição, educação versus instrução, parece hoje notavelmente obsoleta e bastante enganadora. (...). Sucede ainda que separar a educação da instrução se mostra não só indesejável, mas igualmente impossível, uma vez que não se pode instruir sem educar e vice-versa. Como poderemos transmitir valores morais ou de cidadania sem recorrermos a informações históricas, sem termos em conta as leis em vigor e o sistema de governo estabelecido, sem falarmos de outras culturas e países, sem reflectirmos, por elementarmente que seja, sobre a psicologia e a fisiologia humanas ou em empregarmos algumas noções de informação filosófica? E como poderemos instruir alguém em matéria de conhecimentos científicos, se não lhe inculcarmos o respeito por valores tão humanos como a verdade, a exactidão ou a curiosidade?». Ah e também de Pitágoras «eduquemos as crianças e não será necessário castigar os homens»

Coragem... pequeno soldado do imenso exército. Os teus livros são as tuas armas, a tua classe é a tua esquadra, o campo de batalha é a terra inteira, e a vitória é a civilização humana" (Amicis, Edmondo in Cuore)

domingo, 18 de maio de 2014

EDUCAÇÃO/FORMAÇÃO: Uma responsabilidade dos pais por...

... Pe. Rodrigo Lynce de Faria

«Muitos pais, hoje em dia, não sabem educar os seus filhos. Parecem saturados e muito ocupados. Temos que ser nós a fazê-lo na escola aproveitando as aulas que damos. Estamos, na prática, a substituir os pais. Isto não me parece mal. Tenho a sensação de que, a partir da adolescência, a maioria dos progenitores perde a capacidade de dialogar com os seus filhos. Sobretudo, em temas que incluem valores que evoluíram com o passar das gerações. Os pais sentem que os tempos mudaram e que não podem obrigar os seus filhos a pensar como eles ou como os seus avós. A sociedade mudou e a vida também. Nós, professores que ensinamos matérias humanistas, temos maiores facilidades para esse diálogo com os adolescentes e os jovens».
Estas palavras de um professor fizeram-me pensar: será que o ideal na educação é substituir os pais, ou ajudá-los a educarem os seus filhos? Qual é a missão da escola? Que fazer se essa missão entra em confronto com a dos pais dos alunos?
Os pais são sempre os primeiros e os principais educadores dos seus filhos (Catecismo 1653). Por isso, nunca podem renunciar a ser educadores com o pretexto de que outros o fazem melhor ou estão mais preparados para isso. É evidente que necessitam ser auxiliados na sua tarefa educativa. No entanto, qualquer outro agente educativo só o pode ser por delegação dos pais e “subordinado” a eles.
Esta visão da educação ― fundamentada na natureza humana ― possui muitas consequências no modo como entendemos a missão da escola. Os estabelecimentos de ensino são instituições destinadas a colaborar com os pais ― nunca a substituí-los e muito menos a ir contra eles ― na sua missão educativa.
É contraproducente e profundamente injusto que os pais procurem transmitir aos seus filhos em casa valores que depois são descaradamente negados ou ridicularizados na sala de aula. Muitas vezes, isso acontece sob o falso pretexto de que é o professor quem sabe a matéria e os progenitores não passam de uns ignorantes.
Quantas dificuldades encontram muitos pais cristãos nos dias de hoje para educarem os seus filhos na fé, quando essa mesma fé é achincalhada na sala de aula! É ridicularizada com programas e livros propostos e aprovados por pessoas que se apresentam com uma“ideologia neutra”. No entanto, essa pretendida neutralidade de alguns é só aparente. Implica uma concreta posição ideológica: o desejo de “emancipar” a cultura humana de toda a concepção religiosa. Como se isso tornasse o ser humano mais livre, mais humanista e mais inteligente!
Por isso, é uma responsabilidade grave dos pais interessar-se pelo ambiente da escola dos seus filhos e pelos conteúdos que se transmitem na sala de aula. O interesse dos pais tem de ir mais além dos resultados escolares que se traduzem nas notas. Esses resultados podem ser relevantes, mas, por si só, não garantem a saúde moral e espiritual dos filhos. Saúde que terá muito mais influência no seu futuro do que as classificações obtidas.
PS: "amarelados", "negritos" e "sublinhados" da minha responsabilidade.

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