- http://fundacao.telecom.pt/Home/KhanAcademy.aspx
ou
- http://fundacao.telecom.pt/Home/KhanAcademy/KhanAcademyApresentacao.aspx
ou
- http://www.spm.pt/khan/
Entretanto e a propósito:
A maior revolução dos nossos tempos
por ZEINAL BAVA in DN de 29/12/2013
Vivemos na era da informação, e qualquer consulta na internet, rápida ou mais
demorada, sobre o tema "educação" devolve-nos um conjunto significativo de
resultados: os indicadores da educação, as tendências na educação, as modas na
educação, a educação país a país, a tecnologia e a educação. A educação e o
futuro. Toda esta informação é prova material da importância de que a educação
ganhou num mundo à procura de mais talento, de um novo roteiro, de um novo
sentido. E, ainda assim, nenhuma informação, mais ou menos estruturada,
substitui a experiência que cada pai e mãe têm, atualmente, ao educar os seus
filhos. E é por isso que, neste editorial que escrevo no âmbito do convite do DN
para ser director do jornal que hoje celebra 149 anos de vida, as primeiras
palavras serão sobre a minha experiência como encarregado de educação e a minha
perspectiva como cidadão que acredita no papel que todos nós temos a desempenhar
na revolução mais importante dos nossos dias, que é precisamente como aprendemos
e como ensinamos. A educação é o futuro e investir na educação é investir no
futuro do País.
Será justo dizer que os jovens que nasceram nos anos 1990 nasceram com a
internet e, sem dúvida, cresceram com a internet. São verdadeiros nativos
digitais, como lhes chama Dan Tapscott. Os pais destes nativos digitais vêm a
usar aparelhos e ferramentas, hardware e software, com a mesma
facilidade e intuição de quem aprende a atar os sapatos ou a dar um pontapé numa
bola. Do meu ponto de vista, para esta geração de jovens, a informação é uma
certeza. Uma garantia. Um imperativo. A informação está em toda a parte,
multiplica-se, transforma-se. A informação ficou próxima, mesmo a que está
distante ou que era inacessível. E, sobretudo, a natureza da informação mudou.
Porque é colaborativa, porque está em rede, porque nunca, em nenhum outro
momento da história, tantos tiveram acesso a tantos dados. É suficiente para
falarmos de uma verdadeira sociedade de conhecimento? De forma alguma. A
informação - seja ela um manual escolar, um tratado da história, um videojogo ou
um novo clip de música - é matéria-prima. A informação em bruto, aquela
que todos os dias invade os timelines das redes sociais, é altamente
distrativa. Essa distração pode simplesmente comprometer o seu potencial. Ou, se
bem utilizada, transforma-se num potencial de desenvolvimento individual e
coletivo como nunca assistimos na história da humanidade. É nesta frente que
tenho as minhas maiores esperanças e em que acredito na tecnologia, nomeadamente
nas redes de nova geração, que garantem acesso a elevadas velocidades, e o
investimento que está a ser feito no aumento da capacidade de armazenamento e
processamento para dar acesso a informação em tempo real pode dar um elevado
contributo.
Esta geração de nativos digitais já chegou ao mundo empresarial. E, da mesma
forma que estão a mudar regras nas escolas e nas universidades, vão mudar regras
nas empresas. São uma geração intuitivamente colaborativa, bem preparada pelas
nossas universidades e naturalmente apta a trabalhar em qualquer ponto do globo
sem perder as suas raízes e ligações mais profundas. É um dos enormes
contributos da tecnologia. Não há distância que intimide. Em Portugal, um país
historicamente exposto a diversas geografias e culturas, esta emancipação
tecnológica é reforçadamente um factor de competitividade que está a ser
utilizada por milhares de jovens que estudam, viajam e trabalham pelo mundo. E
porque se emancipam como cidadãos e como profissionais, ganham, além das
competências adquiridas na educação dita formal, outro tipo de qualificações,
nomeadamente ao nível das ditas soft skills, como falar em público, ter
argumentos para discutir temáticas diferenciadas, saber negociar em contextos
vários. Podem hoje ser qualificações "invisíveis", que a estatística ainda não
consegue traduzir em gráficos, mas na longa linha do tempo estas mudanças terão
um impacte decisivo na revolução social, económica e cultural de que precisamos
para conquistar o nosso lugar no mundo do século XXI.
Um dos grandes pensadores contemporâneos, Alvin Toffler, antecipou que os
iletrados do século XXI não serão os que não sabem ler ou escrever, mas sim
aqueles que não sabem aprender, desaprender e voltar a aprender. Essa viragem
começa na sala de aulas. A Portugal Telecom, através da Fundação PT, abraçou,
este ano, um projeto que reúne todas as condições para ser um instrumento ativo
na revolução da educação. A Khan Academy, que existe desde 2006, tem
precisamente como premissa virar a sala de aula ao contrário e centrar o ensino
em cada aluno, no seu ritmo de aprendizagem, na personalização do que aprende,
na sua motivação e crescimento pessoal. Em Portugal, neste primeiro ano,
centrámo-nos no ensino da matemática e traduzimos para português 400 vídeos
concebidos para oferecer uma experiência de aprendizagem pessoal interativa.
Está na hora de deixar bem claro que os alunos portugueses não têm medo da
matemática e, apraz verificar, que, como mostram os estudos PISA, o desempenho
dos nossos jovens tem vindo a progredir, sobretudo na matemática.
O que me leva a falar de uma vertente, muitas vezes secundarizada, neste
tempo em que todos nos tornamos cidadãos digitais. A tecnologia é um novo idioma
universal capaz de nos ligar de e para qualquer parte do globo. Mas a tecnologia
não substitui a língua em que nos expressamos, aquela em que aprendemos as
primeiras palavras, aquela que mais bem serve a defesa das nossas ideias e dos
nossos projetos. A nossa. Como escreveu o Gonçalo M. Tavares, uma língua não é
um objeto, não é uma caneta, uma faca - uma língua não é algo exterior ao corpo,
não é algo que se possa pousar numa mesa. A língua portuguesa faz parte do meu
organismo. E a nossa língua, o português, é hoje falada em cinco continentes por
mais de 260 milhões de pessoas, o que faz dela um factor de competitividade que
devemos potenciar e desenvolver. Em 2014, no Brasil, como também poderemos ler
nestas páginas da edição de hoje do DN, decorrerá o Mundial de futebol mais
português de sempre. O melhor jogador do mundo fala português. Na ciência, nas
artes, no desporto e nas empresas temos portugueses a dar cartas. Dizem
"obrigado" quando agradecem os prémios e distinções de que todos os meses chegam
notícias e são embaixadores naturais do nosso país, da nossa língua e cultura no
mundo. Em Portugal, no Brasil, em África, em Timor, em Macau e em muitos outros
pontos do mundo temos expressão diária do talento que fala português e da
capacidade de um povo em tomar o futuro nas suas mãos. A pujança de nove séculos
de história não é mero discurso de saudosistas. Há motivos como nação para
sermos confiantes. Recuperando uma frase de que gosto especialmente, é tempo de
todos nós acreditarmos que a melhor maneira de antecipar - e de não temer - o
futuro é inventá-lo.
NOTA: "negritos" e "sublinhados" da minha responsabilidade.
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